Cértima, a Grande Guerra (1914-1918) e os Anos 20 em Portugal

1. Contexto internacional e política externa portuguesa

As origens do primeiro conflito mundial são inseparáveis de um cenário europeu em acelerada desagregação. A paz na Europa esteve permanentemente ameaçada pela intensificação das rivalidades internacionais, pela crescente corrida aos armamentos e pelo nacionalismo exacerbado de algumas potências: a França acalentava o sonho de reaver a Alsácia-Lorena; o pangermanismo procla­mava insistentemente a superioridade da raça germânica, ao mesmo tempo que a Rússia fomentava o pan-eslavismo nas pequenas nações balcânicas dominadas pela Áustria-Hungria e pela Turquia.

Também a hostilidade gerada pela concorrência económica entre as potên­cias industriais, mormente entre a Inglaterra e a Alemanha, ameaçava esse clima de paz. A política de alianças, por sua vez, tinha contribuído para o rompimento do equilíbrio internacional: à formação da Tríplice Aliança de 1882 – que incluía a Alemanha, a Áustria-Hungria e a Itália – responderam a Inglaterra, a França e a Rússia com a Entente Cordiale, concluída em 1907.

Neste clima de paz armada, qualquer incidente entre dois Estados podia re­dundar em grave conflito internacional. Assim aconteceu em Junho de 1914, com o assassinato do arquiduque Francisco Fernando, príncipe herdeiro da coroa da Áustria-Hungria. Foi esse incidente que fez detonar um conflito que muitos an­teviam, erradamente, de curta duração, e que só acabaria em finais de 1918.

Quando eclode a guerra, o regime republicano português não estava ainda consolidado. Confrontava-se com pronunciamentos militares monárquicos, com acesas querelas entre partidos, e debatia-se com uma incerteza estrutural que resultava da dificuldade em obter uma maioria parlamentar estável para governar.

Em termos de política externa, a posição portuguesa podia definir-se deste modo: “oscilava num espaço triangular tendo por vértices Lisboa, Londres e Ma­drid e por objectivos não ser tutelada pela Espanha nem banalizada pela Grã-Bretanha, surgindo esta como o principal garante internacional da manutenção do im­pério colonial”.[1]

É este equilíbrio precário e instável de Portugal, balanceado entre a pressão do perigo espanhol e o apoio da sua aliança com a Inglaterra, que nos ajuda a entender as razões da participação na guerra, servindo também para iluminar a com­plexidade da polémica travada pelos republicanos democráticos contra os adversários da sua campanha intervencionista.

2. Posicionamento dos diferentes partidos e actores

Mal o conflito alastra à escala europeia e envolve todas as grandes potências, a opinião pública portuguesa ganha consciência do quanto ele poderia afectar os interesses nacionais. Sobre isso há um consenso generalizado, mas a controvérsia instala-se quando se discute a melhor forma de defender esses interesses. O que criou fracturas políticas permanentes em Lisboa foi a forma de garantir o envol­vimento da Inglaterra. As opiniões dividiram-se muito antes de a Alemanha decla­rar guerra a Portugal, em 9 de Março de 1916.

Para a maioria dos portugueses não restava qualquer dúvida de que o ini­migo principal era a Alemanha. Só que a “velha aliada” não lhes merecia inteira confiança. Se a dependência nacional em relação à Inglaterra era quase completa – ao reconhecimento inglês se devia a aceitação internacional da República – não é menos certo que a simples existência da aliança não dava garantias seguras de pre­servação do património colonial.

Participar ou não na guerra foi o grande pomo de discórdia da I República. Por razões que se prendiam sobretudo com a defi­ciente preparação militar portuguesa, a Inglaterra colocava objecções à entrada de Portugal no conflito. Logo em Agosto de 1914 o governo britânico solicita a Por­tugal que se abstenha de declarar a sua neutralidade. A estratégia britânica passava por manter Portugal numa posição que não era de neutralidade nem de beligerân­cia activa.

Contudo, em Fevereiro de 1916 o governo inglês, invocando a aliança, solicita a Portugal a requisição dos navios alemães que desde o início da guerra se haviam refugiado na neutralidade dos por­tos portugueses. Em resposta, a 9 de Março de 1916, a Alemanha declara guerra a Portugal, ao mesmo tempo que incita a Espanha a invadir o seu vizinho ibérico.

Vejamos agora, de relance, como reagem os diferentes partidos políticos e organizações sociais à complexa e delicada situação internacional de Portugal e à ambiguidade manifesta dos governos nacionais quando se trata de definir o seu ali­nhamento perante a guerra. A intensa polémica atravessou toda a sociedade portu­guesa, agravou as clivagens já existentes e acabou por comprometer o futuro do regime republicano.

Entre os muitos oposi­tores à entrada na Guerra e aos preparativos bélicos que a antecederam contavam-se os unionistas de Brito Camacho, grande maioria dos monárquicos, sindicalistas, católicos e amplos sectores do exército. Mas as fronteiras não eram rígidas: os unionistas perfilhavam soluções de neutralidade: batiam-se contra a beligerância na Europa, embora fossem favoráveis ao esforço da defesa militar das colónias; o movimento operário e sindicalista, os socialistas e os anarquistas assumiam-se quer como pacifistas quer como patriotas; entre os monárquicos também não reinava a unanimidade: se uns eram abertamente germanófilos era igualmente possível en­contrar monárquicos aliadófilos. Como dizia Churchill, há momentos em que “o ver­dadeiro patriotismo exige às vezes dos homens que atuem, em determinado pe­ríodo, ao contrário do que atuam noutro”.[2]

Guerra
Panfleto contra a guerra (1916)

Os que apoiavam a Alemanha faziam-no por duas ordens de razões: ou por se convencerem que o seu triunfo representava a restauração imediata da Monarquia, ou por verem no triunfo dos Aliados a vitória da França demagógica, ateia e ma­çónica e da Inglaterra protestante e responsável pela secular humilhação de Portu­gal.

Entre os republicanos intervencionistas contavam-se os democráticos e os evolucionistas. Os argumentos aliadófilos centravam-se na situação externa do país: era necessário quebrar o isolamento de Portugal, adquirir prestígio interna­cional e reanimar a velha aliança com a Inglaterra. Aos democráticos interessava sobretudo transmitir à Europa uma imagem diferente da que a República dera até então. Já para os monárquicos a estratégia belicista de Afonso Costa não era inocente. Para lá da preservação dos interesses coloniais tinha em vista pacificar os conflitos políticos internos, envolver, em nome da salvação do país, a oposição republicana na política democrática e fortalecer a República, coisa em que obviamente não estavam interessados.

A rejeição da Alemanha deve entender-se no quadro da justifi­cação republicana para a participação de Portugal na guerra. Ela assentava na de­fesa das colónias, que representavam, para os nacionalistas, um elemento essencial da identidade portuguesa. Ora como a Alemanha vinha insistindo com a Inglaterra para a divisão desses territórios, dificilmente abdicaria deles caso triunfasse na guerra europeia.

Resta dizer que a opinião pública, em geral, apoiava de bom grado a intervenção em África.

Para a grande maioria da população não existiam razões atendí­veis que justificassem a entrada de Portugal no teatro de guerra europeu. A de­fesa das colónias era, aliás, o único ponto em que monárquicos e republicanos con­vergiam, por considerarem a sua posse fundamental para a sobrevivência do país. Também por isso, e porque os germanófilos representavam uma pequena mi­noria,[3] o grande confronto travava-se entre aliados e anti-intervencionistas.

No meio deste ambiente de intrigas políticas permanentes havia quem defendesse que a eclosão da guerra representava a “sorte grande” para Portugal. Tanto a independência do país como a preservação das colónias se encon­travam seriamente ameaçadas antes de 1 de Agosto de 1914. Essa “sorte grande” ter-nos-ia saído por três lados: um residia na possibilidade de manter o império colonial depois da guerra, a que se somariam, provavelmente, outras vantagens; o outro permitia afastar os sonhos hegemónicos da Espanha: se não tivesse irrompido a guerra, as nossas colónias teriam sido partilhadas, pois entre a ameaça alemã e os interesses de Portugal os ingleses não optariam por afrontar o militarismo germâ­nico e, nesse caso, as ambições espanholas cresceriam na proporção do enfraque­cimento nacional; um terceiro, finalmente, assentava na crença de que a política interna portuguesa inflectiria num outro rumo, já que a guerra iria “criar novas forças e abrir novos horizontes”.[4]

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Ilustração Portuguesa, n.º 582, 16.04.1917

Em Julho de 1916 tinha-se constituído, em Tancos, o Corpo Expedicionário Português. Boa ou má para Portugal, a guerra tornou-se uma inevitabilidade. Devíamos mar­char para ela, com Monarquia ou República, porque se tratava de uma condição necessária ao triunfo dos princípios democráticos. João Chagas acredi­tava que da Guerra sairia um mundo novo e que ela era “um acto necessário, reden­tor da humanidade, um imperativo dos valores da liberdade e da democracia e, afi­nal, da própria paz”.[5]

Para muitos, a guerra era a única saída para um mundo que “abafava sob o peso dos armamentos”, onde se consumiam enormes somas com os preparativos bélicos e em que o militarismo “não cedia nem uma polegada”.[6] Também António Feijó tem este aviso premonitório logo após o desencadear da Guerra de 1914-1918: “A luta contudo será tremenda e longa. Qualquer porém que seja o seu resultado, esta guerra é o fim dum mundo, o desaparecimento duma civilização que já começava a desconjuntar-se”.[7]

3. António de Cértima: a Guerra, a Pátria e o regime

António de Cértima tinha a percepção que a Guerra iniciada em 1914 era especial, talvez a última das guerras antigas e a primeira das modernas. Enquanto guerra total, não estava a ser travada com intuitos imperialistas, à procura de um espaço vital, mas por mero amor à pátria que tinha sofrido qualquer ultraje ou agressão.

Logo nos primeiros meses de 1916 vemos o escritor bairradino atraído por uma significação estética da guerra, com a sua violência “cinzelante e rítmica” que se desprendia dos combates corpo a corpo da antiguidade. A partir da provável leitura de uma obra de Robert de la Sizeranne sobre os combates emotivos da guerra moderna e da antiguidade, Cértima compara a guerra antiga com a moderna, considerando a primeira “inteiramente escultórica [e por isso bela], de relevos viris e apolíneos”, enquanto a do seu tempo seria “apenas esteticamente auditiva” [ prenunciando o ruído metálico das descargas, as tempestades de aço que iriam abater-se nas trincheiras da batalha da Flandres, o estampido das minas, a explosão das granadas, ou o eco dos canhoeiros navais].

A introdução das armas de fogo tinha provocado uma transformação nos combates, ao acabar com os antigos “contornos varonis”. A conflagração mundial do seu tempo, ao matar “quimicamente”, ao tornar-se “veloz como o relâmpago” – já existia o telégrafo, que possibilitava rápidas informações, e o comboio, que acelerava a movimentação das tropas –  deixou de ser “escultórica e pictural” e passou a ser sobretudo “fotográfica”.[8] Marcaria o início de uma carnificina tecnológica sem qualquer sopro ético.

Como se vê, a apurada sensibilidade do autor de Epopeia Maldita leva-o a abordar a guerra de um ponto de vista artístico, introduzindo-lhe, diríamos, uma verdadeira estética da violência. Para Cértima, que cultivava e procurava preservar a perfeição como um valor, o principal motivo da guerra seria a imperfeição. A guerra seria “a luta da Perfeição, o combate contra o irregular, o disforme, e, enfim, o desforço pelo Belo”.[9]

Esta significação estética da guerra tem como ingredientes uma irreprimível vontade de ação, o pendor do esteta que havia em António de Cértima, o culto da força e até um certo fascínio pela violência. De facto, em nota preambular a Discurso à Geração Lusitana, publicado em 1934, quando se encontrava em Sevilha, escreve: “o meu espírito, educado no gosto da violência e insubmissão das ideias, teve apenas como objectivo criar um movimento violento de consciência na geração lusitana”.[10] A temática da estetização da guerra, que como vimos o atraiu em 1916, seria retomada numa palestra que proferiu em 1919 e vertida posteriormente no artigo intitulado “A significação estética da guerra europeia”, publicado em vários números da revista mensal A Guerra, órgão da Liga dos Combatentes da Grande Guerra.[11]

Em Maio de 1916 António de Cértima é mobilizado para Moçambique, após prestar serviço militar em Mafra. Dá conta disso em carta que dirige ao amigo Armando Esteves e na qual espelha bem o seu fervor patriótico: “Sou português. A Pátria chamou-me. E indo de joelhos até ela, servi-la-ei depois, armado o braço até Deus, como a tem servido os guerreiros da mesma Raça. Em breve vou partir […], creio que Portugal revive hoje as grandes épocas da História que o Infante iniciou em Sagres […]. E destas núpcias de sangue e de sonho um novo Lusíada surgirá. E por isso eu parto feliz de mim mesmo”.[12]

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Bairrada Elegante, Ano I, n.º 5, Maio de 1916

Animado de convicções nacionalistas, o futuro autor de Epopeia Maldita terçava armas por um Portugal que acabou a 25 de Abril de 1974. Há, em Cértima, uma ideia de história de Portugal que passava pela exortação da guerra e era vivida de modo exaltado, a lembrar feitos gloriosos como os de Aljubarrota e dos descobrimentos. Há também, nele, uma espécie de amor e também horror viril pela guerra. Não era propriamente um belicista, mas também não era um pacifista: dir-se-ia que oscilava, tal como Homero e Tolstoï “entre a humanidade ardente que rebenta na alegria da agressividade e o desprendimento do sacrifício onde se consome o regresso ao Uno.[13]

É imbuído deste espírito que parte para Moçambique a 24 de Junho. Num derradeiro postal escrito poucas horas antes, Cértima despede-se do seu íntimo amigo, padre Acúrcio Correia da Silva, e da Bairrada que tanto amava: “Acúrcio: Parto para Moçambique daqui a alguns momentos. Adeus! Sim, por S. Jorge e por Portugal! Sê tu o portador do meu adeus à Bairrada, – terra minha bendita!”

Acúrcio responde: “O teu adeus aqui fica, meu grande amigo – a dizer a esta luminosa terra dos roseirais e dos pâmpanos o muito amor que lhe tens, e as saudades por ela que tu levas […]. Bairrada, Bairrada! Terra minha bendita… – Sim, ela ouviu o teu adeus, António”.[14]

Carta a Sálcio-60
Bairrada Elegante, Ano I, n.ºs 6-7, Junho-Julho 1916

Parece notória, nestas mensagens de despedida  de António de Cértima, se não já a consolidação de uma ideologia nacionalista autoritária, pelo menos a definição de uma “essência eterna”, a alusão à herança da tradição portuguesa, ao recorrer a factos simbólicos [a epopeia das Descobertas] e a personagens que de algum modo encarnavam valores messiânicos.[15]

A perspectiva da guerra tinha operado em Cértima uma autêntica transformação mental. As energias que anteriormente canalizava para uma miríade de interesses estavam agora concentradas no apelo da Pátria: “deixei de ser o indivíduo de ontem. Todas as atribuições espirituais que noutro tempo me preocupavam entre os homens, em contacto com o infinito da natureza e das coisas, congregam-se agora numa concentração total, vassala dum só pensamento, duma única vontade: a de bem cumprir um dever nacional.[16] Procurava assim esquecer as preocupações que o absorviam e fervilhavam na sua cabeça. Importante, naquele momento, era aperfeiçoar uma energia nova que lhe circulava no sangue como “um cachão de lava febril”. Era o fervor patriótico que o levava a denunciar o estado de alma a Armando Esteves: o meu amigo não calcula quanto me seduz este momento.[17]

O jornal republicano Bairrada Livre, onde o escritor colaborava há algum tempo, também é brindado com calorosas e sentidas palavras de despedida: “À hora grandiosamente histórica em que vai partir para a defesa acrisolada desta Pátria bendita em Moçambique, entregando-lhe, orgulhoso, o seu valor de homem e de português, envia a essa Redação as mais íntimas despedidas – o amigo, António de Cértima”.[18]

A decisão inabalável que o levou a partir para África não pode desligar-se da questão de se saber quem defende, e como se defende, durante a guerra, o interesse nacional. A sua posição perante o conflito – contrária à dos monárquicos e integralistas –  coincidia com a dos que se mostravam capazes de abdicar dos interesses partidários e colocar, acima deles, o interesse nacional. Por isso se condenava, também, toda e qualquer tentativa para derrubar a República durante o esforço de guerra.

Cértima não combateu pela República durante a Primeira Grande Guerra. O que verdadeiramente o animava era Portugal e a manutenção da integridade das colónias, que ajudou a preservar de armas na mão, numa verdadeira odisseia de companheirismo, idealismo e heroísmo. Por isso sobrepunha a ideia de Pátria à questão do regime. Ele próprio se encarregou de o confirmar, quando proclamou: “Pela ideia de Pátria, defendida pela pena e pela palavra, fui eu até aos inóspitos sertões de Moçambique”.[19]

Não deixa até de ser curioso anotar, nesta linha de raciocínio, que no próprio dia do embarque, a bordo do vapor Zaire, se interrogue ao mirar a multidão no cais: “perguntei comigo próprio se acaso estava ali, naquela manifestação que nos faziam, a falada alma nacional ou a alma dum ministério político”.[20]

Cértima terá percebido, desde muito cedo, que o principal objectivo de política interna era transformar os cidadãos nacionais em republicanos leais e convictos. Dito de outro modo, transformar a causa da guerra na causa da República. Segundo Vasco Pulido Valente, havia uma “lógica oculta” na política democrática: envolver e mobilizar o país inteiro, a pretexto da guerra. A intervenção ativa de Portugal no teatro de guerra europeu seria “o método perfeito para disciplinar o País e o converter à República”.[21] Não admira, assim, que em Março de 1916 se tenha constituído um governo de União Sagrada, formado por democráticos e evolucionistas e presidido por António José de Almeida.

A ideia era promover a unidade de todos os republicanos sobre a chefia dos democráticos. O problema é que a União Sagrada, possível e tardia, só teoricamente significou o abater das bandeiras partidárias perante o esforço de guerra. Não contava com os unionistas de Brito Camacho, nem com os intransigentes de Machado Santos, nem com os socialistas e muito menos com os monárquicos. Machado Santos, o “herói da Rotunda”, acabaria mesmo por encabeçar uma revolta, em 13 de Dezembro de 1916, contra um sistema de recrutamento que alistava no corpo expedicionário recrutas e oficiais milicianos e deixava de fora o corpo permanente de oficiais que colocava sérias reservas à política de intervenção.[22] Gente mais conservadora em quem a República pouco confiava.

A manipulação dos sentimentos patrióticos através do recurso argumentativo aos problemas internos do próprio regime não colheria sucesso. À estratégia de mobilização montada pelo partido democrático correspondeu uma forte contra mobilização travada pelos seus inimigos, alguns deles inimigos declarados do próprio regime. As dificuldades eram de monta: agudização da crise económica e social, falhas nos abastecimentos, subidas de preço dos géneros de primeira necessidade, violência e instabilidade política interna, atraso militar, ausência de um consenso mínimo entre os próprios partidos republicanos e, até, a ambiguidade inglesa quanto à participação de Portugal no conflito europeu. 

4. Cértima e o pós-guerra: fragmentos de um discurso nacionalista autoritário

Regressado à sua Bairrada no final da guerra, António de Cértima viria a colaborar em Gente Nova, título dum jornal que foi órgão e porta-voz das ideias da Plêiade Bairradina, com sede em Oliveira do Bairro, e no qual aparecia como redactor no cabeçalho, ao lado de Manuel Correia da Silva. O primeiro número viu a luz do dia em 22 de Maio de 1919 e o último, o número 37, tem data de 28 de Fevereiro de 1920.

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O jornal anunciava-se, pois, num tempo de impetuoso tumulto da vida pública que caracterizou o pós-guerra. O Presidente da República Sidónio Pais fora assassinado a 14 de Dezembro do ano anterior, na estação do Rossio, em Lisboa. Em Janeiro de 1919 é restaurada a Monarquia no Porto através de um movimento liderado por Paiva Couceiro. Nesse mesmo mês a Monarquia é também proclamada em Espinho, Vila Real e Estarreja.

A 27 de Janeiro de 1919 dá-se o célebre combate das Barreiras em Águeda – mais concretamente entre Recardães e Serém – entre os realistas da Monarquia do Norte e as forças republicanas. A 29 combate-se rijamente em Angeja, com as tropas republicanas a infligir sérios revezes nos revolucionários monárquicos.[23]

Em Fevereiro continuam os confrontos entre republicanos e monárquicos em áreas geográficas a norte da Bairrada, nomeadamente Estarreja, Pinheiro da Bemposta e Oliveira de Azeméis. O jornal Gente Nova vê a luz do dia pouco tempo depois de ter sido levantado o estado de sítio decretado na sequência da revolta monárquica de Monsanto e pouco tempo antes da demissão colectiva do efémero governo chefiado por José Relvas, que tomara posse dois meses antes.

No meio deste “trágico cachão de paixões excessivas”, Cértima entende que a missão do jornal, o seu mais elevado fim intelectual, é “manter-se alheio a interesses de facção, a utilitarismos e benesses de seita”. De preferência o mais longe possível do “aversivo pandemónio político”, fazendo, isso sim, a política da Pátria, que consistia em “contar as galhardias da raça, procurando formar um “austero carácter lusíada que quatro séculos de fatalidade deformaram horrivelmente”. Para Cértima, o período áureo de Portugal foi o dos Descobrimentos. Depois dessa gesta heroica instalara-se a decadência nacional. Era preciso retomar o culto da grandeza imperial portuguesa, assente na fé das grandes realizações humanas.

O primeiro número do jornal insere um soneto seu, intitulado “Horas de Portugal”, que o autor dizia pertencer aos “Sonetos da Minha Raça”. O último terceto é deveras elucidativo quanto ao carácter messiânico que o animava:

“Noite. E ouve-se uma voz chamar ao povo:
-Nun’Álvares! Nun’Álvares! de novo
Oh! Vem salvar a Terra Portuguesa!”.

Tenha-se em conta que este apelo ao Condestável pode configurar uma estreita afinidade de Cértima com o ideário da Cruzada D. Nuno Álvares Pereira, agrupamento elitista conservador formado em 1918, e que foi lugar de convergência de várias tradições políticas e morais nacionalistas e de formação de importantes sectores da elite do regime do Estado Novo. Convergem na Cruzada elites nacionais e notabilidades locais, cujo traço de união é a resistência ao jacobinismo republicano.

Na verdade, como refere Manuel Villaverde Cabral, “o oficial de pequena patente, humilhado em África e na Flandres, mal pago e ressabiado contra os “políticos”, será o cerne militante da Cruzada Nun’Álvares desde 1918”. Não deixa de ser curioso notar, também, que Gomes da Costa –  líder dos revoltosos contra a República em 28 de Maio de 1926 – figurava entre os patronos da Cruzada. O mesmo acontecia com Salazar e Gonçalves Cerejeira, que integravam a direcção provincial de Coimbra deste primeiro movimento que, a partir da queda do sidonismo e do fim das ilusões de restauração monárquica, organizou “militantemente a recomposição política dos possidentes a partir das províncias”. [24]

A invocação da exemplaridade de Nuno Álvares Pereira procura ressuscitar os ideais do misticismo heroico de outras eras. Ao reciclar a velha e mitológica ambição de grandiosidade nacional, Cértima esboça também a necessidade de uma organização alternativa aos partidos tradicionais. É notório o apelo à submissão ou sedução das massas a um salvador ou redentor da Pátria portuguesa. Tratava-se, também, de restaurar a tradição e de repor a história nacional “no trilho autêntico dos nautas, santos e cavaleiros”.[25] Portanto, uma exaltação conservadora das grandezas patrióticas, em que a Pátria é quase exclusivamente encarada enquanto “galeria edificante das personalidades extraordinárias, crónica exaltante dos grandes feitos individuais, ou epopeia revivificante das gestas colectivas inseridas num destino providencial”.[26]

António de Cértima mostra-se tributário de uma concepção de história com altos e baixos, em que os períodos de esplendor correspondem ao aparecimento de chefes carismáticos que se erguem acima dos outros homens para os guiar. Com dificuldade em aceitar e integrar aquilo a que Max Weber chamava o “desencantamento do mundo” – no caso português a decadência acelerada da I República –  o culto de personagens como Nuno Álvares Pereira, normalmente transformadas em heróis nacionais, assenta na crença de que elas são seres superiores, homens que receberam um dom, ou uma graça, características de comando que lhes conferem qualidades que roçam o domínio do sagrado. E sabe-se como em tempos de crise os mitos dos heróis providenciais se alojam na memória coletiva, onde encontram o húmus para se desenvolver.

É próprio de certos nacionalismos promover práticas discursivas sobre o “homem providencial”, alguém que nos “resgataria da decadência provocada por sucessivos naufrágios, favorecendo deste modo vários deslumbramentos de messianismo político”.[27] Cértima exalta uma personalidade carismática da vida nacional, imbuído da crença que tende a sobrevalorizar o papel dos “grandes homens” no rumo dos acontecimentos políticos e sociais. Como é sabido, o messianismo enquanto corrente teórica alimenta-se na descrença das fórmulas políticas, costuma vibrar “ao sabor das ondas do irracionalismo” e desenvolve-se num “clima de instabilidade política, económica, social e mental”.[28]

5. António de Cértima: um itinerário político nos anos 20

Nem a figura nem a intervenção política de António de Cértima nos anos vinte do século passado foram até hoje suficientemente estudadas e valorizadas. Esta faceta importante da sua vida, talvez mesmo a que lhe granjeou mais prestígio entre os portugueses, esteve praticamente ausente das comemorações do centenário do seu nascimento, promovidas pela Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, em 1994. Tal homenagem centrou-se preferentemente na produção literária, nas filiações estéticas, na poesia, nas suas raízes bairradinas, no pensamento religioso ou no enquadramento das suas crónicas de guerra no contexto da literatura colonial.[29]  Faltou encaixar algumas peças para a construção do puzzle da personalidade multifacetada deste escritor nascido na Bairrada.

Praticamente nada se disse sobre a estruturação do seu pensamento político nos anos que viriam a culminar na queda da I República e a abrir caminho ao Estado Novo de Salazar. Apenas Arsénio Mota, num oportuno e pioneiro trabalho que lhe dedicou, não se furta a anotar a adesão de Cértima ao golpe militar de 28 de Maio de 1926, o apoio ao general Gomes da Costa, a colaboração no jornal A Ditadura ou mesmo o culto de relações estreitas com figuras gradas da Falange, movimento que apoiava o general Franco.[30]

Não valorizar esta faceta crucial da sua vida ajuda até a perceber que Cértima nos apareça hoje como uma personalidade fortemente marginalizada no discurso político e literário sobre o tempo que lhe foi dado viver. Por isso se procura aqui fazer incidir alguma luz no trajeto e na teorização política que animaram a vida de Cértima no período que medeia entre o fim do consulado de Sidónio Pais (1918) e a emergência da ditadura militar que a partir de 1926 escancarou as portas ao Estado Novo. Esta tentativa de lhe reconstituir o itinerário político nos anos vinte do século passado pode desvendar-nos até que ponto ele é influenciado e exprime a sua época. E permite avaliar, também, de que forma o seu engajamento no curso dos acontecimentos “é exemplar ou representativo, por conter em si a concentração de muitos destinos ou comportamentos”.[31]

Espera-se que esta análise possa fazer saltar “os cadeados do esquecimento e as crostas dos preconceitos”.[32] De certo modo, trata-se de sondar e tentar compreender as opiniões que perfilhou, remexendo no baú dos princípios e valores que defendeu e em que acreditava. Embora tal análise possa provocar algum desconforto em espíritos mais preconceituosos, com receio de que ela possa vir a beliscar ou a ensombrar um inegável talento literário e artístico, passar uma esponja pelo papel de relevo nacional que o autor de Discurso à Geração Lusitana assumiu no campo da teorização política dos anos vinte em Portugal seria, essa sim, a pior forma de lhe prestar a devida homenagem.

Nesse período de fragmentação crescente e de desgaste acentuado dos partidos e do próprio sistema político liberal, o escritor bairradino era visto como um dos novos. José Relvas, em entrevista concedida ao próprio Cértima em 1927, quando este colaborava no jornal Portugal, retratava do seguinte modo essa geração: “artistas e intelectuais, desertaram da República visto que esta não os tratou como devia e ainda porque viveram numa época em que se abria a decadência da Democracia. A ideia cultural que absorveram foi, por conseguinte, mais conservadora do que radical”.[33]

Este era o tempo em que Ramalho Ortigão, na célebre Carta de um Velho a um Novo – dirigida a João do Amaral e publicada no diário A Restauração, de Homem Cristo Filho – obrigava “a elite dos velhos a curvar-se rendidamente perante a elite dos novos”, que definia como uma “nova ala de namorados”, jovens que quotidianamente “arriscam os seus interesses, a sua liberdade e a sua vida”, uma plêiade estudiosa que sente a necessidade da “reeducação integral do povo português”, num país onde “combater apenas o analfabetismo do povo por meio de escolas primárias e de escolas infantis sem religião e sem Deus” não era salvar uma civilização, mas sim “derruí-la pela base por meio do […] envenenamento das ideias”.[34]

5.1. Da colaboração n’A Ditadura à Epopeia Maldita

Nos anos 20 Cértima colabora n’A Ditadura, jornal que a si mesmo se intitulava periódico do fascismo português. Escreve também no Portugal, órgão da Ação Nacionalista, onde colaboram sidonistas e radicais de direita, de formação integralista. Era o tempo em que António Ferro escrevia bilhetes de pêsames à república gagá e titubeante. No discurso político de A Ditadura estão presentes dois elementos do apelo fascista do pós-guerra: são eles a juventude e o antigo combatente. Será no apelo ao ex-combatente que Cértima se vai destacar.

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Quando se aborda a influência dos fundamentos imperiais, “africanos”, do fascismo em Portugal, é inevitável falar de António de Cértima, “personagem que vem da guerra de África (Epopeia Maldita, Legenda Dolorosa do Soldado Desconhecido de África) através do modernismo literário, até ao nacionalismo fascizante”.[35]

epopeiamaldita-100A experiência da guerra em África levaria António de Cértima a apelar ao antigo combatente, procurando catalisar para a sua causa os soldados desiludidos. Chama ao ex-combatente “um produtor da força heroica (…), o homem de maior autoridade nacional”. E acrescenta: “Não erraremos ao afirmar que a legião dos Combatentes da Grande Guerra está em massa com a Ditadura Militar (…). Porque o programa político da Revolução tem raízes fortes e sagradas na epopeia reflexiva das trincheiras. A libertação moral operada na consciência do País com o 28 de Maio realiza ostensivamente as aspirações mais secretas de algumas dezenas de milhares de homens que fizeram a Guerra. Nós fomos para os campos de batalha, em 1914, todos enganados (…), pois a Guerra só serviu os interesses dos políticos”.[36]

Não admira, por isso, que quando em Junho de 1926 Gomes da Costa apresenta em Conselho de Ministros um “plano de providências do Governo”, que reflectia o pensamento de uma das facções do movimento militar “ideologicamente influenciada por sectores nacionalistas próximos do Integralismo Lusitano”,[37] Cértima o acolha com entusiasmo, por ver nele uma “reorganização da propriedade nacional”, a partir da qual seria possível “efectuar-se sem discrepância a reforma constitucional”.[38] Uma reforma – entenda-se – que procurava evitar qualquer regresso à “normalidade constitucional” que prevalecia antes da queda da República.

6. A queda da República: Cértima à procura do Ditador

A tentativa de golpe de estado promovido pela direita autoritária em 18 de Abril de 1925, protagonizada por vários militares que no ano seguinte estariam à cabeça do 28 de Maio, foi apoiada por António de Cértima e também, de forma resoluta, pelo republicano conservador que era Homem Cristo. A Ditadura transcreve O De Aveiro, onde o jornalista e panfletário aveirense saúda calorosamente Mendes Cabeçadas, Sinel de Cordes, Raul Esteves, Filomeno da Câmara e “todos aqueles que se bateram pela redenção desta infeliz pátria […] contra os infamíssimos correcionais que encheram a terra em que nasci de ruína e opróbrio”.[39] Era o tempo em que o aventureirismo das elites militares comprometia a instituição castrense e o próprio sistema político republicano, o que levava Raul Proença a dizer que “os militares batem o pé aos homens do governo, como a galuchos”.[40]

Nos meses finais do regime, o Partido Democrático, embora com maioria absoluta e um Presidente da República por si eleito, está mais fragilizado do que nunca. Praticamente já não manda. Apenas se limita a ganhar tempo e procura sobreviver a qualquer preço. De modo que quando a República cai não há praticamente quem a defenda. O governo sai de cena e deixa o Presidente da República, antes de se retirar, nomear tranquilamente Mendes Cabeçadas. Nem os próprios sindicatos, que de forma evidente defenderam o regime em crises anteriores, mexeram uma palha. O tempo era já outro e os problemas também eram de diversa natureza. Prisioneira das suas clientelas e incapaz de inovar e reformar, a República tinha-se divorciado irremediavelmente do país. Desaba sem que ninguém levante um dedo para a defender, com um suspiro de alívio de toda a gente, talvez mesmo de muitos dos seus próprios defensores.

O Ditador, obra de1926, reeditada no ano seguinte e que ostenta no frontispício uma frase de Napoleão – “aquele que salva a sua pátria não viola nenhuma lei” – é a todos os títulos um texto cristalino. Nele, Cértima teoriza a necessidade de um ditador para Portugal, intuindo a necessidade de uma chefia carismática, de um salvador, uma espécie de grande árbitro acima das classes, dos partidos e da política em geral.

É nesta obra que “o ideólogo fascizante”[41] António de Cértima reconhece, com argúcia, ter a ditadura de Pimenta de Castro, em 1915, estado longe de patentear o carácter “nacional” de que se revestiu a ditadura sidonista de 1918, ao observar que o primeiro era ainda “um produto partidário e não com características nacionais. A sua acção voltou-se por isso mesmo mais contra um partido do que contra um estado precário da nação”.[42] Ao invés, o projeto sidonista integra-supera os ódios ao exclusivismo político do Partido Democrático, funcionando como uma importante tentativa, autoritária e moderna, de criar um “partido nacional” contra a rotina dos partidos da República.

Se o ano de 1924 tinha sido pródigo na apologia do messianismo e na proposta de vários candidatos a “chefe nacional”, em 1927 António de Cértima continuava à procura do perfil ideal desse homem carismático. Na verdade, logo a seguir ao pronunciamento militar de 28 de Maio de 1926, seriam eliminadas as facções militares cujas figuras de proa eram o almirante Mendes Cabeçadas e o general Gomes da Costa. Cértima apreciava este último, não deixando de lamentar o seu afastamento, mas já admitia pacificamente o afastamento de Cabeçadas.

Quando Óscar Fragoso Carmona aparece à frente da ditadura, Cértima não esconde a sua evidente frustração: “O general Carmona (…) não fez mais do que obedecer a uma imposição unânime do exército (…) não se julga por este facto investido nas excepcionais funções de Ditador”. Dito de outro modo: havia ditadura – aceite desde o indivíduo até à multidão, asseverava Cértima –  mas faltava o ditador, “o Homem que corresponda ao presente estado de consciência política, produzido espontaneamente pela sociedade”.[43] Em alternativa, Cértima colocava a possibilidade do tal chefe carismático de que andava à procura poder ser o coronel Passos e Sousa, vencedor da abortada tentativa de revolta de 7 de Fevereiro de 1927 contra a ditadura militar. Alguém com as características dos líderes dos fascismos europeus, um chefe capaz de manipular as massas de modo a que estas caucionassem, sem pestanejar, a sua política.

Texto em actualização (Publicado originalmente em http://antonio-certima.blogspot.pt/ )


[1] José Medeiros Ferreira, Portugal na Conferência da Paz, Lisboa, Quetzal Editores, 1992, p. 86.

[2] Robert Nisbet, O Conservadorismo, Lisboa, Editorial Estampa, 1987, p. 11.

[3] Alfredo Pimenta foi dos poucos que «chegaram a pôr em causa a tradicional aliança com a Inglaterra e a ostentar uma atitude germanófila». Manuel Villaverde Cabral, «A Grande Guerra e o sidonismo (esboço interpretativo)», Análise Social, vol. XV [58], 1979, 2º., p. 375.

[4] Homem Cristo, Portugal na Guerra, Aveiro, Edição da Tipografia Nacional, 1917, pp. 69-70 e 77.

[5] João B. Serra [Prefácio], in João Chagas, Diário I, (1914), Lisboa, Edições Rolim, 1986, p. XIX.

[6] Homem Cristo, Portugal na Guerra, p. 30.

[7] António Feijó, Cartas a Luís de Magalhães, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, vol. II, p. 479.

[8] António de Cértima, “A significação estética da guerra”, Bairrada Livre, n.º 267, 12.02.1916, pp. 1-2.

[9] Idem, ibidem.

[10] António de Cértima, Discurso à Geração Lusitana, Sevilha, 1934.

[11] Arsénio Mota, António de Cértima – Vida. Obra. Inéditos. Porto, Livraria Figueirinhas,  1994, p. 38.

[12] Bairrada Elegante, Ano I, n.º 5, Maio de 1916.

[13] Rachel Bespaloff, Sobre a Ilíada, Lisboa, Edições Cotovia, 2005, p. 43.

[14] Bairrada Elegante, Ano I, n.º 6-7, Junho-Julho, 1916.

[15] Hermínio Martins, Classe, Status e Poder e outros ensaios sobre o Portugal contemporâneo, Lisboa, Instituto de Ciências Sociais, 1998, p. 25.

[16] António de Cértima, “De algures… Carta ao Armando Esteves”, Bairrada Livre, n.º 282, 27.05.1916, pp. 1-2.

[17] Idem, ibidem.

[18] Bairrada Livre, n.º 287, 01.07.1916, p. 1.

[19] António de Cértima, “A propósito da Independência D’Águeda”, Gente Nova, n.º 4, 12.04.1919.

[20] António de Cértima, Epopeia Maldita. O drama da guerra de África, Lisboa, 1924, p. 25.

[21] Vasco Pulido Valente, A “República Velha”, pp. 80 e 87.

[22] João Bonifácio Serra, “Do 5 de Outubro ao 28 de Maio (…)”, p. 53.

[23] Fernando de Castro Brandão, A I República Portuguesa. Uma cronologia, Lisboa, Livros Horizonte, 1991, pp. 130-131.

[24] Manuel Villaverde Cabral, “Sobre o fascismo e o seu advento em Portugal: ensaio de interpretação a pretexto de alguns livros recentes”, Análise Social, vol. XII (48), 1976-4.º. pp. 900, 902 e 908.

[25] AAVV, História da Primeira República Portuguesa (Fernando Rosa e Maria Fernanda Rolo, coord.), Lisboa, Tinta-da-China, 2009, p. 10.

[26] José Carlos Seabra Pereira, “Tempo neo-romântico (contributo para o estudo das relações entre a literatura e a sociedade no primeiro quartel do século XX), Análise Social, vol. XIX, (77-78-79), 1983 – 3.º, 4.º. 5.º, p. 865.

[27] Ernesto Castro Leal, “A Cruzada D. Nuno Álvares Pereira e as origens do Estado Novo”, Análise Social, vol. XXXIII, (148), 1998 (4.º), pp. 825-826.

[28] Cecília Barreira, “Messianismos, Poder e submissão”, Diário de Notícias (Suplemento), 15.02.1983.

[29] AA.VV., António de Cértima – Colectânea de Estudos no Centenário do seu Nascimento (Arsénio Mota, org.), Edição da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, 1994.

[30] Arsénio Mota, António de Cértima – Vida. Obra. Inéditos. Porto, Livraria Figueirinhas, 1994.

[31] José Mattoso, “Breves reflexões sobre o individual e o colectivo em História”, A Escrita da História. Teoria e métodos, Editorial Estampa, Lisboa, 1988, p. 62.

[32] Jean Orieux, “A Arte do Biógrafo”, História e Nova História, Lisboa, Teorema, 1986, p. 41.

[33] Portugal, Ano I, n.º 154, 03.03.1927, p. 2, citado por Ernesto Castro Leal, “Heroísmo em António de Cértima: Psicologia e Sociedade”, in Estudos em Homenagem a Jorge Borges de Macedo, Lisboa, Instituto Nacional de Investigação Científica, 1992, p. 505.

[34] Ramalho Ortigão, Últimas Farpas (1911-1914), Lisboa, Clássica Editora, 1993, pp. 159-160.

[35] Manuel Villaverde Cabral, artigo citado, p. 891.

[36] António de Cértima, O Ditador, As Crises – O Homem – A Nova Ordem, Lisboa, Editores Livraria Rodrigues & C.ª, s.d. (1926), pp. 167-177. A obra será reeditada em 1927.

[37] Luís Bigotte Chorão, A crise da República e a Ditadura Militar, Sextante Editora, 2009, p. 93.

[38] António de Cértima, O Ditador, p. 129.

[39] A Ditadura, 17.08.1925, p. 1.

[40] Raul Proença, citado por João Bonifácio Serra, “Um Modelo de Análise Política do Sistema Liberal Republicano – Raul Proença na Seara, 1921-1931”, Ler História, n.º 7, 1986, p. 57.

[41] Fernando Farelo Lopes, “A 1.ª República: da “ditadura” democrática à violação das regras do jogo”, revista Risco, n.º 2, Verão de 1985, p. 127.

[42] António de Cértima, O Ditador, p. 39.

[43] Idem, p. 144 e ss.