Artes
A remoção (falhada) da estátua "pornográfica" de Camilo
A Arte, seja ela qual for, deve interpelar-nos mas não nos deve chocar. Já o mesmo não se poderá dizer da vulgaridade.
Contra o declínio da cultura clássica
É preciso dar um sentido à vida e a filosofia não deixa de ser isso mesmo: uma busca de sentido e, também, uma espécie de lubrificante no movimento da mecânica social.
Courbet e A Origem do Mundo: censura, erotismo, pornografia
Espreitar maniacamente os outros sempre foi uma tentação dos moralistas mais tacanhos, para os quais qualquer alusão à sexualidade é “pornografia” (...). Aos que gostam de subtrair aos outros o prazer que a si incomoda, apetece dizer que não metam o nariz na vida alheia, que deixem em paz os que não pensam como eles, e que a grande virtude não consiste em suprimir as tentações, mas em saber resistir-lhes...
Do Paleo-Cartaz ao Cartaz Camaleónico: breve história da comunicação visual
Assim como o computador, a internet e as redes sociais protagonizam uma verdadeira revolução digital e introduzem alterações profundas na sociedade actual, também o cartaz sofre alterações profundas, desdobrando-se a partir de então em formatos distintos.
Fotografia e censura: Mapplethorpe, Serralves e a liberdade artística
Triste é verificar que o chamado mundo livre está a ser atravessado por uma perigosa deriva moralista e puritana, que a censura não anda apenas de braço dado com as ditaduras, mas também marca presença nos chás dançantes e artísticos das democracias.
Frantz, de François Ozon
A mola do remorso que impele Adrien a encontrar Anna, a noiva alemã de Frantz, e a visitar a campa onde este foi sepultado, revela-nos também uma verdadeira arqueologia do desconforto e do sofrimento psíquico.
O Balouço de Fragonard, num poema de Jorge de Sena
Este poema de Jorge de Sena mostra a rara beleza do diálogo íntimo que ele estabelece com o quadro de Fragonard.
Sobre o filme "A Vida de Adèle"
Sublime história de amor entre duas mulheres, o filme é também um murro no estômago dos preconceitos. Filme avassalador, onde o amor está para lá do género e se passeia de braço dado com referências artísticas, filosóficas e até gastronómicas.
Cultura e Autores Aveirenses
Luiz Regala/Pedro Zargo: excurso biográfico de um poeta com qualidades*
O apagamento da memória de um vulto desta grandeza na vida cultural aveirense não representa, apenas, um esquecimento aviltante. É também, para aqueles que o conheceram, uma faca de saudade atravessada na garganta.
Memória de Carlos Candal
Mais do que um homem de partido, Candal gostava de tomar partido. Esteve praticamente sempre do lado contrário ao dos seus correlegionários que assumiam o poder.
Memória de Idalécio Cação — adeus ao Amigo, não à Gândara
Após ler Os Sítios Nossos Conhecidos e Daqui Ouve-se o Mar, concluí estarmos em presença de um grande escritor da Gândara. Parafraseando Carlos de Oliveira em Pequenos Burgueses, apetece dizer, sem favor, que a obra de Idalécio Cação é “uma chuva de luz a encharcar a Gândara do céu à terra”.
Memória de João Tomaz Parreira, o amigo que não conheci
Nenhuma idade é boa para morrer. Ninguém devia morrer quando tem um livro para ler. Num tempo em que se arrasta por aí tanto exibicionismo sem qualidade, tinha que dar a conhecer, embora com frágeis palavras, a qualidade humana e poética do João Tomaz Parreira.
O neo-realismo nos suplementos culturais da imprensa regional — os casos de “Companha” e “Independência Literária”
Qualquer destes suplementos, com preocupações mais formativas que noticiosas, se insere na categoria de imprensa cultural, literária e artística, atentas as áreas de interesse que encontramos na sua consulta.
Os rústicos viram uma estrela — conto de Natal de Frederico de Moura
Este conto tem a particularidade de se desenrolar no extinto concelho do Couto da Vila de Sorães (actual freguesia de Santa Catarina, do concelho de Vagos) que nas Memórias Paroquiais de 1758 incluía o lugar de Bustos, parte do Sobreiro e o lugar da Barreira.
Cultura e Autores Bairradinos
— Ó Pai, a Terra é redonda
Enquanto no tempo dos Judeus se comia, pelo Natal, a carne do Cordeiro Pascal, com pão ázimo e legumes, no nosso tempo a imolação do cordeiro assado no forno foi substituída pelo bacalhau pescado nas costas da Noruega ou nos Bancos da Terra Nova.  
A Banda que Tocou Fora da Graça de Deus (romance de António Breda Carvalho)
A Casa da Câmara, ou a memória agredida
É uma triste ironia ver um símbolo do municipalismo morrer nas barbas dos oliveirenses e no regaço da indiferença do próprio poder municipal.
A importância dos estudos regionais — contributos para uma abordagem regional
As identidades só fazem sentido quando abertas ao diálogo entre tradição (transmissão, dádiva, herança que recebemos das gerações que nos precederam) e modernidade (o que se acrescenta à herança recebida, o que criamos de novo, inovando e acrescentando). 
Armor Pires Mota: a justa homenagem a um vedor da autenticidade popular
É sobretudo em alguns livros de ficção, nomeadamente os que albergam contos com indiscutível sabor ao chão, às gentes e ao ambiente da Bairrada – leia-se O Vendedor de Tapetes, ou As Vinhas da Memória – que Armor Pires Mota mais se parece cumprir como escritor.
Arsénio Mota — um olhar cultural e regional sobre a Bairrada
Num tempo de esbatimento acelerado das identidades, de choque cada vez mais agudo entre o velho e o novo, entre o passado e o futuro, entre tradição e inovação, ninguém como Arsénio Mota lançou sobre a Bairrada o olhar regional com que sempre a quis ver.
Arsénio Mota e a Bairrada
Num momento em que a Bairrada parece deixar-se embrulhar, novamente, em espesso manto de silêncio cultural, é proibido esquecer o que Arsénio Mota fez por ela, e também pela terra onde nasceu, à qual dedicou três monografias. Ambas lhe devem muito. Resta saber se uma e outra têm feito o que devem para merecer Arsénio Mota.
Arsénio Mota e o Dicionário de Autores da Bairrada
A consulta deste Dicionário ajuda a confirmar o que já há muito se pressentia: que a Bairrada tem “presença” efectiva não apenas na literatura, mas também na cultura em sentido mais amplo.
Arsénio Mota homenageado em Bustos (10 tópicos para uma comunicação)
Aqui fica o reconhecimento a um homem que tem feito da escrita uma espécie de última trincheira da liberdade. Não queremos que este encontro seja uma espécie de epitáfio da sua actividade literária. Sabemos que vai continuar a brindar-nos com a prosa sumarenta a que sempre nos habituou.
Cértima, a Grande Guerra (1914-1918) e os Anos 20 em Portugal
Cértima não combateu pela República durante a Primeira Grande Guerra. O que verdadeiramente o animava era Portugal e a manutenção da integridade das colónias. Sobrepunha a ideia de Pátria à questão do regime: "Pela ideia de Pátria (...) fui eu até aos inóspitos sertões de Moçambique".
Figuras da Bairrada — Miguel França Martins, o "Zil de França"
Como Miguel França Martins nunca publicou qualquer livro, quase ninguém conhece os saborosos textos que derramou na imprensa, sem esquecer os dedicados ao teatro popular e versos para cortejos populares, igualmente inéditos.
Histórias de Artesãos — de Armor Pires Mota
Enquanto forma de expressão intemporal, o artesanato define a alma de um povo. Assim sendo, o carácter rural da Bairrada confere uma marca distintiva a algum do seu artesanato. E molda-lhe também uma alma muito própria.
Letras sob Protesto — de Arsénio Mota
Letras sob Protesto é a denúncia da simplificação acelerada da literatura e das leituras massificadas. Ergue-se contra a homogeneização dos gostos, a submissão do acto criativo a cálculos de rentabilidade imediata.
Memória de António Capão (1930-2012)
António Capão é um archote da cultura bairradina que não podemos deixar extinguir. Não deixemos que uma hera de silêncio comece a enroscar-se dolorosamente em torno do seu nome.
Na alvorada da criação da freguesia de Bustos (1910-1920)
Sem a implantação da República, dificilmente Bustos se teria separado da Mamarrosa em 1920. As óbvias afinidades ideológicas entre os republicanos democráticos de ambas as localidades parecem ter desempenhado um papel decisivo em todo este processo.
No lançamento de Estórias d’Escritas, de Jorge Mendonça
Embora a paródia seja uma constante na descrição de alguns eventos políticos concelhios, a política não é depreciada. É tratada com seriedade, porque a política tem de ser moral para ser eficaz.
Nos 500 anos da Carta de Foral de Oliveira do Bairro (impressões de leitura)
Os forais são documentos valiosíssimos enquanto repositórios de memórias que podem e devem ser transmitidas às gerações actuais e futuras.
O Vírus Entranhado — de Arsénio Mota
Ao recusar a subversão dos valores sagrados do jornalismo, que as novas tecnologias vieram acentuar, há no jornalista-escritor Arsénio Mota uma espécie de desencanto idêntico ao que um dia acometeu Antero.
Paulo Sarmento, pesquisador de palavras e imagens
Há em Paulo Sarmento muito de dispersão, fragmentação e errância. Cabe, pois, ao leitor a tentativa (que se espera lúdica) de reunir tantas limalhas dispersas. Sem se preocupar com o sentido que o autor possa atribuir ao que escreve.
Quase Tudo Nada — livro de Arsénio Mota
Em nenhum outro livro Arsénio Mota nos desvenda os estados de alma e nos franqueia as portas para mostrar os veludos da interioridade.
Sangalhos na I República — tensões durante a visita pascal de 1915 (Acúrcio Correia da Silva no centro da polémica)
Num tempo em que as ordens religiosas foram expulsas, muitos padres perseguidos e alguns bispos exilados, e em que os bens da Igreja foram confiscados, o exercício do múnus eclesiástico por um jovem padre como era então Acúrcio Correia da Silva, que foi também autor da letra do Hino da Bairrada, estava longe de ser fácil. 
Estudos Regionais
A importância dos estudos regionais — contributos para uma abordagem regional
As identidades só fazem sentido quando abertas ao diálogo entre tradição (transmissão, dádiva, herança que recebemos das gerações que nos precederam) e modernidade (o que se acrescenta à herança recebida, o que criamos de novo, inovando e acrescentando). 
Gastronomia
Larvas, grilos e gafanhotos: admirável mundo novo gastronómico
Pode a gastronomia tradicional estar condenada a fazer parte de um passado morto, que paulatinamente se dilui nas brumas da memória, mas sem passado que nos ilumine o presente é uma sombra do que fomos e o futuro uma incerteza larvar de besouros, grilos, escorpiões e gafanhotos.
Guerra Colonial
Lobo Antunes: de novo a guerra, contra o silêncio
Quase todos os soldados voltavam com recordações, uma máscara, um boneco de pau, uma orelha numa garrafa de álcool, um garoto, um braço a menos.
Poesia da guerra colonial
Aos jovens com 20 anos deparava-se o dilema de ir para a guerra. As alternativas de lhe fugir eram a emigração clandestina ou então optar pela pesca do bacalhau nos mares longínquos e gelados da Gronelândia e Terra Nova.
História
Achegas para a história da Palhaça: o toque dos sinos
Em tempos de eriçado anticlericalismo o toque dos sinos era considerado, por muitos, como a mais ruidosa das manifestações do culto externo.
Adeus a José Mattoso, não à sua obra (1933-2023)
Obrigado pela Identificação de Um País, pela Nobreza Medieval Portuguesa, pel’A Escrita da História e também por Levantar o Céu, já que o labor científico nunca dispensou a atenção ao transcendente e ao sagrado.
Aristides de Sousa Mendes: um católico, monárquico, conservador, no Estado Novo
O que interessa reter é se valorizamos mais a obediência cega às leis ou o sentido profundamente humano da desobediência do cônsul em Bordéus, ao recusar ser cúmplice dos crimes de guerra nazis.
Cértima, a Grande Guerra (1914-1918) e os Anos 20 em Portugal
Cértima não combateu pela República durante a Primeira Grande Guerra. O que verdadeiramente o animava era Portugal e a manutenção da integridade das colónias. Sobrepunha a ideia de Pátria à questão do regime: "Pela ideia de Pátria (...) fui eu até aos inóspitos sertões de Moçambique".
In Memoriam de António Hespanha (1945-2019)
Era assim António Hespanha. Recordo agora com saudade as aulas, mas sobretudo o lugar onde, no final, elas costumavam desaguar: os corredores do Instituto de Ciências Sociais. Era neles que o Professor gostava de confraternizar com os seus alunos.
Na alvorada da criação da freguesia de Bustos (1910-1920)
Sem a implantação da República, dificilmente Bustos se teria separado da Mamarrosa em 1920. As óbvias afinidades ideológicas entre os republicanos democráticos de ambas as localidades parecem ter desempenhado um papel decisivo em todo este processo.
Nos 500 anos da Carta de Foral de Oliveira do Bairro (impressões de leitura)
Os forais são documentos valiosíssimos enquanto repositórios de memórias que podem e devem ser transmitidas às gerações actuais e futuras.
Nos quarenta anos do 25 de Abril de 1974
Quando Marcelo Caetano tomou posse como Presidente do Conselho em 1968, houve quem embarcasse na ilusão de que poderia democratizar o país. O problema é que nunca acreditou que a democracia pudesse vingar em Portugal.
Poesia da guerra colonial
Aos jovens com 20 anos deparava-se o dilema de ir para a guerra. As alternativas de lhe fugir eram a emigração clandestina ou então optar pela pesca do bacalhau nos mares longínquos e gelados da Gronelândia e Terra Nova.
Imprensa e Televisão
Memória de José Tengarrinha (1932-2018): da história da imprensa periódica à morte anunciada do Diário de Notícias
Ao deixar-nos agora, José Tengarrinha legou-nos também importantes obras para a compreensão da história da imprensa periódica, do Portugal oitocentista e da história contemporânea de Portugal.
O Expresso e a utilidade do inútil
Sai Ana Cristina Leonardo. Fica o Tolentino (cardeal), mas como já se foi o Nicolau, impossível termos o Nicolau Tolentino (o da poesia e das sátiras). E continua Pedro Mexia, que é muito mais que o pretérito imperfeito do verbo mexer.
Queira vender-me a sua lucidez , s.f.f.!
Querem-nos medíocres e desprovidos de imaginação, para assim criarem uma vasta área de mercado onde possam babar-se (sem receio de virem a ser penalizados) da sua própria mediocridade.
Internacional
Amos Oz (1939-2018): a tolerância está de luto
A política não pode estar refém do ódio. O destino destes irmãos desavindos não se constrói a regar com gasolina as labaredas da intolerância que continuam a consumi-los. O que Amos Oz nos ensina é que qualquer paz conquistada pela submissão à violência é ainda uma violência.
Brasil na encruzilhada: da neutralidade política ao silêncio dos intelectuais
Escrevo estas linhas com preocupação, porque amo o Brasil e o colorido das palavras forjadas na olaria tropical. Também porque penso que, ganhe quem ganhar, o Brasil não vai ficar bonito: na próxima segunda-feira vamos ter um país mais radicalizado e mais violento.
Stephen Hawking em viagem no tempo cósmico
Impossível não estabelecer comparações entre Stephen Hawking e Frida Kahlo. Ambos parecem guindar-se, uma vez desaparecidos fisicamente, ao estatuto de mito que suplanta as próprias obras.
Trabalhos e Paixões de Miguel Duarte: salvar refugiados
A criminalização de quem ajuda a salvar vidas é um escarro lançado à nossa consciência. Não é só Veneza que se afunda. É também a Europa que cai a pique, ao perder cada vez mais as referências da sua ancestral tradição humanista.
Literatura
Academia Nobel, assédio e literatura
A academia sueca, fragilizada com algumas demissões, pretende agora envolver mais pessoas no processo de escolha do Nobel da Literatura. Ora parece-me que o que esta gente está mesmo a precisar é de ser dinamitada (prestemos justiça ao seu fundador).
Com tanta Agustina, a malta já nem atina
Parece que Agustina tinha por hábito beber uma taça de champanhe ao almoço e outra ao jantar. Quem assim tanto gostava de celebrar a vida, merece que brindemos por ela.
Da vida dos livros e de um alfarrabista “pas comme les autres”
Eis como ler pode ser uma outra forma de subir na vida, num tempo em que o capitalismo transforma a cultura em comércio e só parece ter valor aquilo que é convertível em dinheiro.
Diálogo imaginário entre Fernando Pessoa e sua mãe
Acho este trecho de diálogo ficcionado, entre Fernando Pessoa e sua mãe, uma delícia. Pertence ao excelente romance de António Breda Carvalho, Morrer Na Outra Margem.
Eça de Queirós e as polémicas - do local de nascimento ao Panteão Nacional
Deixem as ossadas do Eça em paz. Estão bem onde estão, longe da pompa citadina e da vacuidade que a sua ironia sempre fustigou. Mais perto do frango alourado com arroz de favas, prato incontornável da gastronomia do Marão.
Eduardo Lourenço – “mestre da dúvida” e da interrogação permanente
Galardoado, entre outros, com os Prémios Camões e Pessoa, Eduardo Lourenço não morria de amores por um certo anel de ferro do unanimismo que se foi apertando em torno do seu nome.
Fronteiras: as literárias e as outras
Traçar uma fronteira é definir, e definir é sempre limitar. O último número da revista Granta apresenta como tema de capa as fronteiras e quer dar a volta a essa limitação.
Jorge de Sena: as flores tardias da admiração nacional
Jorge de Sena lutou contra a morosidade e o descaso dos editores portugueses. Contra a falta de atenção à sua obra, que muito o feria por acreditar na força daquilo que publicava.
Laureano Barros e Luiz Pacheco: o bibliófilo e o libertino
O traço de união para tamanha empatia, capaz de criar laços entre duas personalidades tão distantes e tão distintas como eram Luiz Pacheco e Laureano Barros,, só pode ser este: o amor e a paixão que ambos nutrem pelos livros e pela literatura.
Letras sob Protesto — de Arsénio Mota
Letras sob Protesto é a denúncia da simplificação acelerada da literatura e das leituras massificadas. Ergue-se contra a homogeneização dos gostos, a submissão do acto criativo a cálculos de rentabilidade imediata.
Maria Velho da Costa (1938-2020)
Algumas obras de Maria Velho da Costa não são de leitura fácil e por isso reclamam, pelo menos, uma segunda leitura, para que possamos atingir a subtileza das camadas mais profundas da sua escrita.
Memória de Idalécio Cação — adeus ao Amigo, não à Gândara
Após ler Os Sítios Nossos Conhecidos e Daqui Ouve-se o Mar, concluí estarmos em presença de um grande escritor da Gândara. Parafraseando Carlos de Oliveira em Pequenos Burgueses, apetece dizer, sem favor, que a obra de Idalécio Cação é “uma chuva de luz a encharcar a Gândara do céu à terra”.
Memória de Luis Sepúlveda e Rubem Fonseca (pessoas por detrás dos números...)
Dizia Beckett que o dia da morte é como qualquer outro, só que mais curto. Hoje foi o dia mais curto das vidas de Rubem Fonseca e Luis Sepúlveda.
Memória e louvor da editora Cotovia
A cultura sofre mais um rude golpe com o desaparecimento desta editora. A visão de uma utopia generosa foi apagada pelas cataratas da indiferença de quem poderia ter feito alguma coisa para a salvar.
Natal – contos, poesia e o maravilhoso infantil
Não é só na prosa portuguesa sobre o Natal que deparamos com amargura ou desalento. Na poesia esses elementos também estão presentes, ou não fossem os poetas sensíveis aos azares de tantas existências viúvas de alegrias.
No centenário de Ruben A. - o confronto com o neo-realismo
Ruben A. nunca foi um autor canónico, alguém que se deixasse manietar por qualquer corrente literária ou por qualquer estrutura formal de pensamento.
O neo-realismo nos suplementos culturais da imprensa regional — os casos de “Companha” e “Independência Literária”
Qualquer destes suplementos, com preocupações mais formativas que noticiosas, se insere na categoria de imprensa cultural, literária e artística, atentas as áreas de interesse que encontramos na sua consulta.
O Vírus Entranhado — de Arsénio Mota
Ao recusar a subversão dos valores sagrados do jornalismo, que as novas tecnologias vieram acentuar, há no jornalista-escritor Arsénio Mota uma espécie de desencanto idêntico ao que um dia acometeu Antero.
Paulo Sarmento, pesquisador de palavras e imagens
Há em Paulo Sarmento muito de dispersão, fragmentação e errância. Cabe, pois, ao leitor a tentativa (que se espera lúdica) de reunir tantas limalhas dispersas. Sem se preocupar com o sentido que o autor possa atribuir ao que escreve.
Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto
A Peregrinação é, a par de Os Lusíadas e da História Trágico-Marítima, uma das três obras literárias fundamentais para a compreensão dos traços dominantes da expansão portuguesa no mundo.
Pernil de porco e crimes (quase) perfeitos
Que coisa macabra! Que murro no estômago, logo nos primeiros dias do ano – dirão alguns amigos leitores. Talvez tenham razão. Mas é bom recordar o discutido e controverso comentário de André Gide: “É com bons sentimentos que se faz má literatura”.
Quase Tudo Nada — livro de Arsénio Mota
Em nenhum outro livro Arsénio Mota nos desvenda os estados de alma e nos franqueia as portas para mostrar os veludos da interioridade.
Rimbaud, Verlaine e a parábola de Animus e de Anima
Rimbaud a correr para Paris, ao encontro de Verlaine. A viajar pelos "caminhos do céu" (os da poesia e, quem sabe, os do inferno). Verlaine perdido na aventura dos excessos. Dois talentos em estado puro.
Treze anos sem Eduardo Prado Coelho (1944-2007)
A falta que nos faz o Eduardo. Um sismógrafo do quotidiano. Uma presença constante, e cúmplice, com o “ar do tempo”.
Vinte e cinco anos sem David Mourão-Ferreira
Nos lugares por onde passou captou ritmos e imagens, exprimiu emoções, engendrou metáforas. Amantíssimo dos clássicos, cultivava no poema a divina proporção, num virtuosismo sem falhas.
Palhaça
Achegas para a história da Palhaça: o toque dos sinos
Em tempos de eriçado anticlericalismo o toque dos sinos era considerado, por muitos, como a mais ruidosa das manifestações do culto externo.
As duas Igrejas da Palhaça — texto do padre Manuel de Oliveira
O que é histórico é que, em data que desconhecemos, se construiu a capelinha de S. Pedro, no local onde hoje se encontra a actual igreja, sendo esta um produto de sucessivas transformações daquela.
Auto dos Reis Magos e Cortejo de Pastoras
Na Palhaça, a primeira vez que se realizou o auto dos Reis Magos foi no dia 6 de Janeiro de 1925, num tempo em que a I República se encontrava já agonizante e em vésperas de ser derrubada.
Coisas de que ainda me lembro (I)
Esta gente merece ser lembrada como qualquer outra. Respeitosamente, como o tem sido até agora. Para o bem e para o mal, foi gente da nossa gente. Pobre, às vezes muito pobre, mas séria e digna.
Coisas de que ainda me lembro (II)
Eras então aldeia pequena, perdida nas brumas do passado. Como eu, largaste os calções, engravataste-te, cresceste de forma um tanto desajeitada, às vezes pões moderno onde devia ser antigo e antigo onde devia ser moderno. Dores de crescimento, presumo.
Coisas de que ainda me lembro (III)
Renega a construção em altura, ao menos no teu largo primitivo. Não coqueteies com arquitectos ou engenheiros a perda do teu carácter: nada pode substituir a beleza de um céu de anil encaixilhado no teu coreto singelo, encimado pela sentinela cívica que é o nosso padroeiro.
Conto de Natal
Para merecer os favores do Pai Natal, Tiago recriava o presépio com todos os elementos, manjedoura e tudo, tal como aprendera na catequese.
Crónica de Jacinto dos Louros sobre a criação dos CTT na Palhaça
Este texto documenta a presença do Dr. Egas Moniz, futuro Prémio Nobel da Medicina, num comício na Palhaça, dois anos antes da impantação da República em Portugal.
Do Largo, da Rotunda, da Memória
Não é fácil assistir ao quebrar dos últimos elos de ligação às origens. Nem assistir, mesmo em nome do progresso, à falta de respeito pelo passado que nos identifica, e ao qual devemos ser fiéis.
Eleições autárquicas na Palhaça: a emergência do feminino
As mulheres na política melhoram a qualidade da democracia e conferem-lhe uma nova dimensão: uma representatividade nos órgãos eleitos mais conforme à composição da sociedade.
Inaugurado Centro de Actividades Ocupacionais (CAO)
Ter um CAO é um privilégio para qualquer freguesia. Ele dá, a quem mais precisa, oportunidades de participação e gera interacções positivas entre pessoas que o frequentam e o meio que as envolve.
Junta de Freguesia da Palhaça — por Dr. Manuel Ferreira Rebolo
Em 1937, com o auxílio da Câmara Municipal, procede a Junta à electrificação da freguesia, construindo por sua conta a cabine e fornecendo todos os postes, posteletes e consolas e a mão de obra de todo o pessoal auxiliar para a mesma electrificação.
Memória de António Capão (1930-2012)
António Capão é um archote da cultura bairradina que não podemos deixar extinguir. Não deixemos que uma hera de silêncio comece a enroscar-se dolorosamente em torno do seu nome.
Reorganização Administrativa Territorial Autárquica - I (Reflexões em torno da reunião na Palhaça)
De nada vale elogiar o papel das freguesias e enaltecer as suas virtudes em prol do bem comum e ao mesmo tempo propor-lhes casamentos de conveniência de utilidade mais que duvidosa.
Reorganização Administrativa Territorial Autárquica - II (ou o muito que falta esclarecer...)
Relembre-se que o chamado “pacote autárquico” não se restringe apenas à controversa agregação de freguesias. Inclui também a legislação eleitoral autárquica e a da própria gestão municipal.
Reorganização Administrativa Territorial Autárquica – III (do cumprimento da lei à resistência das populações)
A melhor reforma autárquica possível será aquela que assenta em motivos sociais e humanos e não exclusivamente em argumentos ou estandartes políticos, o que implica ouvir as populações e não apenas os aparelhos partidários.
Reorganização Administrativa Territorial Autárquica – IV (sobre as propostas de agregação de João Nuno Pedreiras)
A minha dificuldade em aderir a esta reorganização do território assenta no facto de não acreditar que ela possa ter êxito sem uma verdadeira reforma dos municípios.
Um adeus ao Kevin, mas não à juventude
Bem sei que a vida é uma passagem e que ignoramos o que nos espera do lado de lá, ao qual tu já pertences.  Mas a notícia de uma morte inesperada é sempre um grande desconforto.
Património
A Casa da Câmara, ou a memória agredida
É uma triste ironia ver um símbolo do municipalismo morrer nas barbas dos oliveirenses e no regaço da indiferença do próprio poder municipal.
Histórias de Artesãos — de Armor Pires Mota
Enquanto forma de expressão intemporal, o artesanato define a alma de um povo. Assim sendo, o carácter rural da Bairrada confere uma marca distintiva a algum do seu artesanato. E molda-lhe também uma alma muito própria.
POETRIA - Um comunicado e um comentário
Contra os que dobram a cerviz à curvatura de interesses que nada têm a ver com a cultura e a transformam em mercadoria, é preciso um “golpe de asa” que salve a Poetria da extinção.
Poesia
António Manuel Couto Viana (24.01.1923 – 08.06.2010) – no centenário de nascimento do “avestruz lírico”
A responsabilidade do poeta consiste em escrever versos capazes de sobreviver às circunstâncias históricas do seu tempo. Precisamos de nos libertar da crosta dos preconceitos para reconhecer mérito a um poeta que muitos preferem manter arquivado.
Da poesia (versão “prosa fatiada”)
Essa ideia de Adorno, segundo a qual não é possível escrever poesia depois de Auschwitz, tem muito que se lhe diga. É como acreditar, por absurdo, que podemos proibir os pássaros de cantar.
Desconsolo (soneto para João Ferrão)
A poesia, mesmo quando sai da pena retorcida de um poetastro que ninguém conhece, pode muito bem ser aquilo que Lawrence Ferlinghetti dizia dela: uma arte insurgente.
Dia de Natal
Jesus, o doce Jesus,/ o mesmo que nasceu na manjedoura,/ veio pôr no sapinho/ do Pedrinho/ uma metralhadora.
Em Abril, um gesto
Nesse dia, tinha vinte e um anos. / Não podia ficar em casa, / amor, / aquartelado em cobardias. /De arma na mão / fui afinar o coração / ao compasso das mais belas melodias.
Eugénio de Andrade (1923-2005) - luz, rigor, clareza
Avesso ao ruído e ao tumulto do mundo, Eugénio de Andrade justificava as raras aparições públicas com “essa debilidade do coração que é a amizade”. Um cultor – digamos assim – do espaço purificado do silêncio.
Luiz Regala/Pedro Zargo: excurso biográfico de um poeta com qualidades*
O apagamento da memória de um vulto desta grandeza na vida cultural aveirense não representa, apenas, um esquecimento aviltante. É também, para aqueles que o conheceram, uma faca de saudade atravessada na garganta.
Manuel Resende (1948-2020)
Emudeceu a lira insubmissa e desalinhada, no derradeiro solo. Homem discreto e reservado, apenas se expandia nos versos. O poeta raro e bissexto finou-se hoje, pela manhã.
Mário Cesariny (1923-2006) - Surrealista, Pintor e Poeta
Cesariny foi o poeta da insurreição permanente contra as convenções morais ou estéticas do seu tempo. Em momentos de privação da liberdade ergueu a voz em haste de coragem contra os servilismos rastejantes. Era essa a sua forma de exorcizar o medo, de transgredir e afrontar o sistema.
Natal – contos, poesia e o maravilhoso infantil
Não é só na prosa portuguesa sobre o Natal que deparamos com amargura ou desalento. Na poesia esses elementos também estão presentes, ou não fossem os poetas sensíveis aos azares de tantas existências viúvas de alegrias.
Natália Correia: Feiticeira, Cotovia, Pitonisa
Natália Correia era o elogio da noite, da boémia e dos amores. Misto de sibila e feiticeira, livre e insubmissa, prestou relevantes serviços à causa da cultura e da liberdade em Portugal.
O Balouço de Fragonard, num poema de Jorge de Sena
Este poema de Jorge de Sena mostra a rara beleza do diálogo íntimo que ele estabelece com o quadro de Fragonard.
Poema à Mãe
Não me esqueci de nada, mãe./ Guardo a tua voz dentro de mim./ E deixo as rosas.
Poema de Vasco Graça Moura sobre O Meu Pipi
O sucesso inicial foi tão retumbante que até Miguel Esteves Cardoso considerou O Meu Pipi genial. Entretanto, tinha-se gerado uma febre especulativa em torno do autor do blogue. Alguém, seguramente, com uma cultura e um humor muito acima da média.
Poesia de Abril
falo-te companheiro/ deste mês Abril/ e da tua força/ em que não há enganos
POETRIA - Um comunicado e um comentário
Contra os que dobram a cerviz à curvatura de interesses que nada têm a ver com a cultura e a transformam em mercadoria, é preciso um “golpe de asa” que salve a Poetria da extinção.
Rui Knopfli, poeta extraterritorial
Considero Rui Knopfli um dos melhores poetas contemporâneos de língua portuguesa. Sem uma terra a que pudesse chamar sua, sentia-se estrangeirado n’O País dos Outros, título do primeiro livro (1959).
Política à Portuguesa
“Vestido” para homem, ou como fintar a castração
De repente, acordo. E porque há sonhos que podem tornar-se realidade, decido: vou mesmo usar o vestido como disfarce.
Achegas para uma estética do surripianço nacional
Estas obras, penduradas nos gabinetes dos ministérios, ajudavam a aliviar o cinzentismo de quem pratica funções cinzentas. Quem lhes deu sumiço, optou por aliviar as paredes e não o cinzentismo.
Autárquicas em Oliveira do Bairro: prenúncios de uma campanha alegre
As listas sem patrocínio partidário não agradam, é bom de ver, aos que tudo têm feito para enquadrar e até monopolizar os direitos dos cidadãos.
Da Arte de Furtar ao Discurso Sobre o Filho-da-Puta
Esta criminosa condescendência do poder político e judicial para com os abusos e as ilegalidades dos todo-poderosos espelha bem a miséria portuguesa, mais mental do que outra coisa qualquer.
Desventuras de Manuel Pinho no País das Maravilhas
O então ministro da Economia bateu no fundo da minha consideração quando resolveu brindar com um “par de cornos” um deputado da oposição. Gesto técnico lamentável, porque desprovido de qualquer sentido ético ou estético, e ainda menos sentido de Estado.
Dez reflexões para um debate político
Como refere Eduardo Lourenço, “a opacidade reverteu para o interior de cada partido de massa e é tanto mais densa quanto mais de massa for”.
Injúrias parlamentares e duelos no campo da honra
Sempre que em política se despreza o debate de ideias, o que sobressai é a atávica impreparação dos contendores. Ceder à tentação do rótulo excessivo nunca foi a melhor via para ganhar o crédito dos eleitores.
O escorpião (Marcelo) e a rã “lelé da cuca” (Balsemão)
Uma rã pode desempenhar múltiplas tarefas. Se, por exemplo, faz cópias, podemos chamar-lhe... a rã que xerox! (Mia Couto, “Cronicando”, p. 130). Se, mesmo lelé da cuca, consegue escrever as suas memórias, podemos encontrar aí coisas engraçadas.
O TGV, o "perigo espanhol" e uma polémica de 1853
O que separava irremediavelmente Alexandre Herculano de Lopes de Mendonça é muito mais que o caminho de ferro. São duas concepções antagónicas de Estado e da liberdade, que reflectem a tensão, nunca inteiramente resolvida ou superada, entre democracia e liberalismo.
Os chifres de Belzebu, como fonte de inspiração artística
Sempre que um político do governo corrompe ou se deixa corromper, está, embora metaforicamente, a colocar os cornos a todos os portugueses.
Raríssimas (ou talvez não) ligações perigosas
Como não soube voar baixinho, a presidente da Raríssimas acabou por se tornar vítima da conhecida ambição de Ícaro: tanto se aproximou do sol, que acabou por derreter as asas e estatelar-se ao comprido.
Reorganização Administrativa Territorial Autárquica - I (Reflexões em torno da reunião na Palhaça)
De nada vale elogiar o papel das freguesias e enaltecer as suas virtudes em prol do bem comum e ao mesmo tempo propor-lhes casamentos de conveniência de utilidade mais que duvidosa.
Reorganização Administrativa Territorial Autárquica - II (ou o muito que falta esclarecer...)
Relembre-se que o chamado “pacote autárquico” não se restringe apenas à controversa agregação de freguesias. Inclui também a legislação eleitoral autárquica e a da própria gestão municipal.
Reorganização Administrativa Territorial Autárquica – III (do cumprimento da lei à resistência das populações)
A melhor reforma autárquica possível será aquela que assenta em motivos sociais e humanos e não exclusivamente em argumentos ou estandartes políticos, o que implica ouvir as populações e não apenas os aparelhos partidários.
Reorganização Administrativa Territorial Autárquica – IV (sobre as propostas de agregação de João Nuno Pedreiras)
A minha dificuldade em aderir a esta reorganização do território assenta no facto de não acreditar que ela possa ter êxito sem uma verdadeira reforma dos municípios.
Salgueiro Maia, capitão de Abril — a homenagem tardia
Salgueiro Maia viria a falecer em 3 de Abril de 1992. Choraram-no os que nunca o mereceram. Os que sempre lhe recusaram promoções. Os que têm sempre à mão o lenço nacional para enxugar as lagrimetas de ocasião.
Saramago, a Bíblia e uma opinião de Vasco Pulido Valente
O que o Outro pensa não pode ser visto com hostilidade ou ameaça. A solução não passa por erguer muros em vez de pontes. A cultura da hospitalidade deve prevalecer sobre a cultura da indiferença ou da guerrilha permanente.
Sondagens e qualidade da democracia
No actual estado comatoso em que se encontram, as sondagens parecem representar mais um perigo do que um benefício para a qualidade da nossa democracia.
Redes Sociais
CARLOS BRAGA (1952 –         )
Pensar e reflectir são coisas que requerem um processo mental lento. As coisas passam ao nosso lado sem as experienciarmos, sem as habitarmos. É tempo, pois, de iniciar o combate ao "demónio" da velocidade.
Religião
Dois curtos textos anticlericais
As mais conhecidas anedotas versavam a licenciosidade dos padres, que supostamente andariam metidos com uma mulher casada, cujo marido não estava habitualmente em casa.
Dois Papas: o filme e a polémica
Digamos que o filme Dois Papas lança mão do conhecido recurso psicológico da empatia, com inclinação evidente para o Papa Francisco. Pena não ter sido capaz de nos fazer simpatizar com um Papa sem apoucar a imagem daquele que o precedeu.
Igreja Católica: a verdade como ocasião de escândalo*
O livro do jornalista e sociólogo francês Frédéric Martel promete ser uma verdadeira pedrada no charco, capaz de agitar os gansos do Capitólio, ao mostrar que na Santa Sé reside uma das maiores comunidades homossexuais do mundo.
Natal — este texto que vos deixo
Bons eram os Natais em que não havia lugares vazios na mesa e os rigores de inverno se aplacavam à conversa, com os corpos amornados à sonolência da lareira.
Padre Melícias: português, franciscano, oitenta anos de idade
Assim trata padre Melícias os que desafiam o seu poder. Ora manda os inspectores plantar couves, ora aponta o dedo acusador a ministros e secretariozecos, como quem se movimenta nos quadros mentais de uma república de súbditos e não de cidadãos.
Violência e Islão, segundo Adonis
Esta forma de prolongar a agonia dos descrentes traz-nos invariavelmente à lembrança a condenação de Prometeu, acorrentado a um rochedo do Cáucaso: uma águia ia todos os dias devorar-lhe o fígado, que continuamente se refazia, para que o suplício fosse interminável.
Sociedade
Aveiro em Dia de Finados - o obelisco da discórdia
Os aveirenses que se cuidem. Os que mandaram gravar no obelisco do cemitério, ao lado dos mortos, o nome de ex-Presidentes de Câmara ainda vivos, são bem capazes de mandar rezar-lhes uma missa de sétimo dia.
Boas Festas e ... comam chocolates!
Vamos então à prenda para os meus amigos. É um dos melhores textos que li, sobre um dos melhores anúncios publicitários que conheço e que se repete todos os anos pelo Natal.
Contra as touradas
As tradições não são apenas boas pela antiguidade do seu foral, mas pelas práticas que as caracterizam. O progresso humano tem sido e continuará a ser feito contra muitas tradições. Só pode manter-se como tradição o que engrandece a humanidade, não aquilo que a degrada ou embrutece.
Contra o declínio da cultura clássica
É preciso dar um sentido à vida e a filosofia não deixa de ser isso mesmo: uma busca de sentido e, também, uma espécie de lubrificante no movimento da mecânica social.
Das partilhas, dos “likes” e da arquitectura do diálogo
Rasgar amizades por diferenças de opinião é negar a essência da democracia e um sintoma de menoridade mental. E também de intolerância.
Idosos: vozes (cada vez mais) anoitecidas
O abandono dos idosos, a negligência e até os maus tratos a que tantas vezes são sujeitos, devem merecer a nossa melhor atenção e também o nosso mais veemente repúdio.
Os velhos e Max Weber: o político, o cientista e o espírito do capitalismo
Não é apenas o contágio pelo vírus que pode acabar de vez com os mais velhos: há outros vírus não menos letais: o mergulho na depressão, a silicose do abandono, o roubo da alegria, a queda no poço sem fundo da solidão.
Padre Melícias: português, franciscano, oitenta anos de idade
Assim trata padre Melícias os que desafiam o seu poder. Ora manda os inspectores plantar couves, ora aponta o dedo acusador a ministros e secretariozecos, como quem se movimenta nos quadros mentais de uma república de súbditos e não de cidadãos.
Tempo de mudança — singela homenagem aos amigos do serviço e do comboio
Quero cultivar o gosto de ter com quem conversar, mesmo que apenas através do éter. Porque todo o homem tem o dever de dar aos outros não o que lhe resta, mas o que ainda lhe faz falta.
Trabalhos e Paixões de Miguel Duarte: salvar refugiados
A criminalização de quem ajuda a salvar vidas é um escarro lançado à nossa consciência. Não é só Veneza que se afunda. É também a Europa que cai a pique, ao perder cada vez mais as referências da sua ancestral tradição humanista.
Viagens
Curiosidades de uma viagem a Malta
As águas oscilam entre um azul-turquesa e um verde-esmeralda. E depois, a luminosidade, a claridade azul difícil de descrever, os aromas adocicados suspensos no ar. Dir-se-ia que os deuses andaram por aqui, deixando a sua marca neste lugar único e desde sempre pressentido.
Praça de São Marcos: o coração de Veneza
Há praças assim, que merecem ser amadas pelos amantes. Talvez não por acaso, Casanova, o sedutor, era veneziano.